O académico e jornalista moçambicano, Tomás Vieira Mário, alertou para a produção de manifestos eleitorais realísticos, por forma que, de facto, os partidos vencedores possam os cumprir em termos de planos de governação, políticas públicas e realizações, em caso de ganharem eleições.
Falando sobre o tema “Manifestos eleitorais inclusivos e técnicas de Elaboração”, Tomas Vieira Mário entende que o manifesto deve reflectir perspectivas honestas, assentes na realidade, e que respeitem o conhecimento e a consciência dos eleitores ou do público-alvo.
“Prometer acabar com a pobreza em Moçambique em cinco anos constitui, não só uma meta irrealística, como também uma grave falta de respeito aos eleitores”, observou Tomás Vieira Mário, ajuntando que estes documentos devem partir de uma realidade que se pretende mudar, proclamando, por isso, o advento de uma nova realidade ou movimento, podendo estes combinar uma crítica social violenta com uma declaração inaugural e inspiradora de mudança.
Para o efeito, segundo o académico, dentre vários aspectos, os manifestos devem incluir, um breve sumário do contexto que motiva a declaração, um resumo sobre a identidade da organização; uma abordagem sobre os valores da organização; uma apresentação da realidade sonhada; uma explanação dos principais objectivos estratégicos (rumo àquela visão); descrição das áreas de foco; descrição dos resultados almejados (realísticos e mensuráveis), a Indicação de fontes de inspiração ou de bases de apoio e garantias de sucesso credíveis ao eleitorado, bem como a expressão de convicção no pleno alcance dos seus objectivos.
“Esta estrutura deve ser coadjuvada por uma linguagem clara, concisa e directa o que pressupõe colocar as ideias de forma simples e compreensível para todos, uma vez que o manifesto eleitoral constitui a oportunidade que uma organização tem de dizer aos eleitores por que eles devem votar nela”, sublinhou Tomás Viera Mário, e acrescenta que “é importante que a organização apresente, de forma clara, a sua identidade e os mecanismos que vai usar para mudar o contexto e alcançar os objectivos anunciados”.
Os participantes reflectiram, com o Sociólogo moçambicano Hélder Jauana, sobre os elementos essenciais de um manifesto eleitoral, o qual deixou ficar que um dos elementos é a definição de temas relevantes que podem partir da presunção do partido politico ou por uma abordagem mais razoável que consiste na captura dos temas que são construídos pela sociedade sobre os seus próprios desafios.
“Há que se reflectir, igualmente, sobre questões filosóficas e/ou sociais que levam ao debate público sobre a sociedade e encontrar um discurso que toca no coração das pessoas”, disse Jauane sublinhando que o terceiro aspecto indispensável é pesquisar sobre os assuntos usando sempre fontes seguras e informações atualizadas bem como a ver o alinhamento do manifesto com as políticas publicas que tem vindo a ser seguidos no país para alem de questões éticas.
A acção de formação em matérias de elaboração de manifestos eleitorais no contexto das eleições gerais e das assembleias provinciais de 9 de Outubro de 2024 conta com a participação de representantes de 15 partidos políticos dentre os quais os com representação parlamentar nomeadamente FRELIMO, RENAMO, MDM e não parlamentares.
Nesta formação, que decorre até a próxima sexta-feira (9 de Agosto), serão ministrados temas como desenvolvimento de recursos, desenvolvimento e mudanças climáticas na africa austral, partidos políticos e gestão renovável dos recursos sustentáveis, ambiente e Recursos naturais: como construir uma resiliência climática e partir dos recursos minerais de que o país é detentor.
A iniciativa que decorre de 5 a 9 de Agosto, é organizada pelo Instituto para Democracia Multipartidária (IMD) através das Academias Política da Mulher e Democrática da Juventude, em parceria com a SARW no contexto da implementação do Programa Power of Dialogue, que conta com o apoio do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino dos Países Baixos, através da Netherland Institute for Multiparty Democracy (NIMD).
