WhatsApp Image 2024 03 04 at 12.10.44Representantes de partidos políticos e sociedade civil apontam o conflito em Cabo Delgado e processos eleitorais como sendo factores que ameaçam a paz e apontam o diálogo permanente e respeito pelas diferenças como ferramenta para a resolução de conflitos.

Reunidos na cidade de Lichinga nesta segunda-feira, 4 de março para refletir sobre “Mecanismos e Modelos Locais de Promoção de Paz e Reconciliação em Moçambique” que decorre no âmbito do Projecto “PROPAZ – Cultura de Promoção de Paz, Reconciliação e Coesão Social”, os políticos querem o fim dos ataques terroristas em Cabo Delgado.

Do partido FRELIMO, Maria de Fátima Jesse, condena os ataques terroristas em Cabo Delgado e aponta para a necessidade de todos se envolverem no processo da construção da paz como a única via para a promoção do bem-estar.

WhatsApp Image 2024 03 04 at 12.10.43“A paz tem de ser construída todos os dias nas nossas famílias, no trabalho assim como na nação. A situação de Cabo Delgado é delicada. Nós sabemos que os terroristas não mostram os rostos. Algumas pessoas estão sendo mortas e outras estão em busca de refúgio em locais mais seguros. Não se conhecem as pessoas que estão afrente do terrorismo. Se as pessoas que estão à frente mostrassem as suas caras, provavelmente o Governo iria falar com eles para saber oque está a acontecer de modo a resolver a situação de Cabo Delgado. Todos nós queremos paz em Cabo Delgado. É uma situação que afecta a todos”.

Em relação aos processos eleitorais considera que os partidos devem respeitar as instituições e não difundirem mensagens que incitam a violência. “Temos tido problemas em relação a mensagens que algumas pessoas difundem, principalmente nas redes sociais. São mensagens que incitam a violência. Principalmente nos períodos eleitorais” disse.

Por sua vez, Orlando Sousa, representante da RENAMO aponta fragilidades dos processos eleitorais como sendo uma ameaça à paz dando como exemplo as últimas eleições autárquicas.

“No nosso caso concreto, em Moçambique, eu julgo que está difícil construirmos ou mantermos a paz por causa de tantos problemas que temos estado a ver. É só vermos os resultados das últimas eleições. O partido no poder já tinha dito que tinha ganho as eleições em todos os municípios. Mas após protestos, quatro municípios foram devolvidos à RENAMO. A questão que se coloca é: onde é que estavam os outros votos da RENAMO que deram vitória agora depois de tantos protestos? Será que precisávamos de tanto protesto para entregar o poder aos verdadeiros vencedores? Acho que não. Este é um problema que está a beliscar a Paz. Quando vamos às eleições, a vontade dos eleitores não é respeitada”, disse Orlando Sousa que também é o segundo vice-presidente da Assembleia Municipal de Lichinga.

Mais adiante aponta para a necessidade de reconciliação e diálogo como fundamental para que sejam ultrapassadas as diferenças. “O que nós precisamos para manter a paz é uma verdadeira reconciliação, um diálogo genuíno e que toca nos corações dos moçambicanos e não continuarmos a ver situações desta natureza. Vamos agora para uma fase de eleições. O que nós esperamos é que o STAE e a CNE coloquem pessoas comprometidas com a paz para irem trabalhar e não termos presidentes e directores de órgãos eleitorais que vão adulterar as actas e aquilo que é a vontade do povo”.

WhatsApp Image 2024 03 04 at 12.10.43Luísa Muecua do MDM alinha no mesmo diapasão e considera que a vontade eleitoral não tem sido respeitada o que gera insatisfação e conflitos pós-eleitorais.

“Aqui em Moçambique não há eleições. As eleições só criam mais problemas para o país. Quando estamos a organizar eleições é para a população escolher o que quer, não é para impedir a população de escolher o partido que quer. Não se respeita a vontade popular. No recenseamento do ano passado as pessoas ficavam uma semana sem conseguir recensear. As pessoas eram escolhidas a dedo para recensear. Isto tudo não ajuda para a paz”.

Mais adiante apontou a situação do conflito em Cabo Delgado como sendo outra ameaça actual a paz e estabilidade em Moçambique.

“Como partido MDM lamentamos a situação de guerra e violência em Cabo Delgado. Com esta situação podemos considerar que a situação em Moçambique não é boa. Os nossos filhos, família e amigos estão a morrer em Cabo Delgado. O governo já conhece as razões da guerra em Cabo Delgado. Eu peço ao governo para resolver este problema. Não podemos falar de paz em Mocambique”.

O encontro decorre de um processo de consultas que o Instituto para a Democracia Multipartidária tem estado a levar a cabo com vista a propor uma agenda nacional de promoção da paz e reconciliação nacional.

 

Paz vai para além do calar das armas

WhatsApp Image 2024 03 04 at 12.10.50Intervindo na abertura do encontro, o Director dos Serviços Provinciais de Justiça e Trabalho destacou que a paz vai para além do calar das armas e de haver várias situações de desinformação nas comunidades que podem acabar gerando conflitos.

“A paz não é simplesmente o calar das armas, embora, quando se fala da paz, se pense em primeira linha, que é a cessação das hostilidades militares, é o calar das armas. Mas a paz é muito mais que um simples calar das armas, é um estado de tranquilidade na ordem, na convivência, e na existência de perturbações. Quantas vezes, sem o envolvimento das armas, nos temos acompanhado situações de perturbação da ordem”.

O dirigente aponta ainda os raptos, a criminalidade e a desinformação como outras ameaças a paz. “A dias estava a ouvir conversa de algumas pessoas que diziam que neste ano tivemos problema de chuva porque, em todo o lado temos painéis solares. Esta maneira de pensar é perigosa. Imaginemos que nesses dias a chuva não tivesse caído?”

O Director de Programas do IMD, Dércio Alfazema explicou que com os debates a organização tem estado a colher subsídios para a elaboração de uma agenda nacional para a paz e apontou para a necessidade de se apostar na reconciliação entre os moçambicanos e no fortalecimento das instituições para que haja mais confiança na sua actuação.

Este foi o quarto encontro dos onze que vão decorrer em todo o País, com o financiamento da União Europeia para além de encontros regionais e nacionais que vão juntar autoridades locais, Organizações da Sociedade Civil, Partidos Políticos, académicos, líderes (comunitários e religiosos), artistas, estudantes, entre outros.

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