IMD aponta progressos no reassentamento em Tete e aponta desafiosO Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD), uma organização da sociedade civil moçambicana, considera haver progressos significativos no reassentamento na província de Tete, sobretudo no que diz respeito a habitação e serviços sociais, como escola, centros de saúde, mercados e segurança. Ainda assim, a organização diz que prevalecem desafios que precisam ser ultrapassados.

O posicionamento do IMD foi partilhado pelo Director de Programas, Dércio Alfazema durante o workshop provincial sobre “Reassentamento na província de Tete: lições, desafios e avanços” que juntou representantes do governo de Tete, líderes comunitários, representantes de famílias reassentadas em Moatize e Marara, bem como participantes dos distritos de Tete, Cahora Bassa e Changara.

“Na monitoria que temos estado a fazer com as comunidades verificamos que apesar dos desafios prevalecentes, as comunidades mostram-se satisfeitas e apontam as habitações e a construção de infraestruturas como salas de aulas, centros de saúde, mercados e posto policial como ganhos. Em muitos casos as comunidades estão satisfeitas e percebem que estão em melhores condições e mais seguras”, disse Alfazema, apontando para a necessidade de se assegurar a manutenção das casas da população por um tempo determinado.

IMD aponta progressos no reassentamento em Tete e aponta desafios 1Apesar dos progressos, o IMD aponta alguns desafios que considera serem típicos de um processo de transformação social, mas que requer intervenção das empresas, do Governo e das próprias comunidades.

“Em Moatize, por exemplo, no centro de reassentamento de Mualadzi ainda tem problemas de água. Existem alguns furos que foram abertos, mas muitos estão avariados e a comunidade não tem meios para reparar. Há problemas de vias de acesso, as estradas são de terra batida e na época chuvosa agrava o problema de transporte. Outras comunidades apontam a questão de repovoamento do gado bovino e outras o apoio para a melhoria das condições para a prática da agricultura que haviam sido prometidas, mas que não chegaram a se concretizar. Estas são questões isoladas apontadas em uma e outra comunidade”, referiu, tendo acrescentado que “na generalidade, todas as comunidades reassentadas apontam a questão do desemprego como problema. As empresas prometeram emprego, mas há um sentimento generalizado que as promessas de emprego não foram e nem estão a ser cumpridas”.

Liana Tomas, uma das reassentadas no centro de Mualadzi, lamenta o silêncio face ao problema da água e o facto da sua comunidade não se beneficiar da taxa alocada às comunidades, decorrentes da exploração da indústria extractiva.

IMD aponta progressos no reassentamento em Tete e aponta desafios 3“Sou membro do comité de gestão dos recursos naturais na comunidade. Temos algumas coisas feitas mas existem situações de falta de água e que por parte do governo há um silêncio total. Para termos água potável temos de recorrer aos furos que estão distantes e essa situação já dura 5 anos. Outra coisa que inquieta a nossa comunidade é o assunto de 2.75 porcento. Existem comunidades vizinhas a se beneficiar, mas a comunidade de Mualadzi não está a se beneficiar”, referiu.

Por sua vez, Juvêncio Jeque, do centro de reassentamento de Kassoca aponta alguns progressos. “Foi feito muita coisa. Nós temos escolas e centros de saúde. Este ano houve distribuição de 41 casas, perfazendo um total de 301 casas já entregues. O que nos preocupa bastante é a falta de água. Para termos água dependemos da empresa que nos fornece de vez em quando. O Governo sabe que o centro de reassentamento tem falta de água desde 2019”.

Em representação da Secretária de Estado da Província de Tete, o Director dos Serviços Provinciais do Ambiente, Marcos Meque Francisco reconheceu os desafios apresentados pelas comunidades, mas disse que é preciso analisar cada caso.

IMD aponta progressos no reassentamento em Tete e aponta desafios 2“Em relação à reclamação das comunidades, precisamos rever para ver o que foi considerado e o que não foi considerado. Algumas questões são antigas e podem ter sido resolvidas naquela altura”, disse, tendo acrescentado que “de modo a salvaguardar os direitos das comunidades afectadas pelos projectos, são elaborados os respectivos planos de reassentamento, a luz do decreto n. 32/2012, de 8 de Agosto e outra legislação que preconiza que todo o reassentamento resultante de actividade económica, de iniciativa pública ou privada, deve obedecer as regras e procedimentos que garantam a promoção da qualidade de vida dos cidadãos afectados e a protecção do ambiente”.

O workshop é organizado no âmbito do projecto “Por uma Sociedade Inclusiva e Pacífica em Moçambique (TIPS)”, uma iniciativa financiada pela União Europeia e implementada por um consórcio formado pelo IMD, Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) e FCA em colaboração com o Conselho das Religiões em Moçambique (COREM) e o Faith Associte. O projecto abrange as províncias de Inhambane, Sofala, Tete, Niassa e Cabo Delgado com objectivo de contribuir para a prevenção de conflitos, preparação e resposta a crises e construção da paz através da governação e gestão inclusiva dos recursos naturais em Moçambique.

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