30 anos democracia religiaoO Padre da Igreja Católica, Elton João Laissone, instou, na sexta-feira, 11 de setembro, as lideranças religiosas a educarem a sociedade para uma participação mais activa no âmbito politico, económico e social como forma de se encontrar soluções mais acertadas para a resposta dos problemas que o país enfrenta.
O Padre falava na Cidade de Tete, num debate sobre os 30 Anos da democracia multipartidária em Moçambique, que juntou partidos políticos, sociedade civil e académicos.


“As lideranças religiosas podem contribuir muito se se comprometerem em ter uma intervenção educativa virada para a formação da consciência cidadã. Estamos a falar de educar para o bem pensar, educar a pensar livremente e não a pensar limitado dentro de certo sistema e a formar mentes democráticas”.
Segundo explica Laissone, “a democracia é sustentada por pessoas interventivas, não conformadas. pessoas mais dialogantes do que tolerantes, que sabem lidar com as diferenças, com princípios, com valores, pessoas éticas, pessoas que questionam, que sabem que estamos em construção e em autoconstrução”, defendeu. Para que isto aconteça, o missionário entende que é necessário que as lideranças religiosas comecem por se comprometer com a causa da democracia, como um ideal em direção ao qual deve-se direcionar todos os esforços da sociedade.

30 anos democracia religiao 2Mais adiante, o Padre Católico apela para necessidade destas lideranças manterem-se focadas neste fim, sob o risco de induzirem as comunidades para fins contrários à democracia, e realçou a liberdade que os líderes religiosos têm de aderir à partidos políticos, entanto que cidadãos com direitos iguais aos demais, alertando contudo para que estes não façam das suas preferências partidárias o seu estilo de vida.

No mesmo sentido, chama atenção para alguns problemas que constituem ameaça para a democracia multipartidária em Moçambique. “Assistimos a violações dos direitos humanos, sentimos uma contínua crise na separação de poderes, vemos a continua confusão entre o Estado e o Governo, temos violação das liberdades civis e políticas, o medo de represálias das instituições políticas e governamentais e das lideranças religiosas, represálias violentas nas manifestações, etc” situações cuja intervenção dos líderes religiosos é importante para a sua solução.

Por sua vez, o activista e jornalista António Zacarias defendeu a necessidade de todos os actores políticos a serem mais tolerantes ao debate de ideias. “A democracia custou muito sacrifício aos moçambicanos, (por isso) deve ser acarinhada e portanto, reforçada por actos que eliminem todos e quaisquer focos de desestabilização social”, disse.

Zacarias defendeu ainda a necessidade de os dirigentes fazerem uma separação clara entre o Estado e o partido que governa, tal como defende a lei, e assim promover uma sociedade mais tolerante ao pensamento diferente.
O ciclo debates no âmbito da celebração dos 30 anos da Democracia Multipartidária em Moçambique é organizado pelo Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos (MJCR) e Instituto para Democracia Multipartidária (IMD) sob o lema “Celebrando a Constituição Multipartidária e Construindo uma Democracia Inclusiva”. Com estas actividade que vão decorrer até o final do mês de abril pretende-se celebrar os ganhos e desafios decorrentes da implementação dos 30 anos de Democracia Multipartidária em Moçambique, tirar lições, colher contribuições e subsídios para o seu fortalecimento.

30 anos democracia religiao 1Neste sentido, intervindo no encontro, o Director dos Serviços Provinciais de Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos em Tete, Sérgio Malute desafiou os partidos politicos a pautarem por uma cultura democrática a todos os níveis e a privilegiarem a inclusão. “A existência de partidos políticos fortes e influentes é uma necessidade e um imperativo que permite e carateriza um sistema de direito e democrático. Os partidos políticos devem comportar formas de funcionamento interno, que prevejam a inclusão de mais vozes e que tenham mecanismos que permitam a substituição do totalitário”, declarou.

Por sua vez, a Gestora de Projectos do IMD, Lorena Mazive, considerou que, apesar dos ganhos obtidos ao longo dos 30 Anos, também há desafios para o fortalecimento e consolidação da democracia multipartidária em Moçambique, entre os quais, destacou a necessidade do fortalecimento de plataformas de diálogo político, e a consolidação da paz. “Sabemos que temos conflitos armados na província de Cabo Delgado e na zona centro, e que constituem constrangimento para uma verdadeira democracia multipartidária. Mas, é preciso apelar para que as sessões de diálogo entre vários actores políticos continuem a existir para que haja um maior crescimento e reforço da democracia multipartidária”, afirmou Mazive.

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